A harpia (ou gavião real) está ameaçadas de extinção, e na Mata Atlântica o registro dessa espécie é extremamente raro pois existem poucos indivíduos
Eunápolis, 20 de abril de 2021 – Em um registro extremamente raro, um casal de harpias foi filmado em um momento de cópula na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, no Sul da Bahia. As imagens foram capturadas no último mês a partir de um dos dois ninhos monitorados pelo Projeto Harpia na RPPN. É a primeira vez em que uma cópula é registrada em vídeo desde o início do monitoramento nesta reserva com mais de de 6.000 hectares na Mata Atlântica.
O flagrante foi gravado por câmeras instaladas no ninho que é monitorado na RPPN Estação Veracel em parceria com o núcleo do Projeto Harpia na Mata Atlântica, coordenado pela Universidade Federal do Espírito Santo. A harpia está classificada como vulnerável à extinção no país, já foi extinta localmente em diversas regiões, é considerada rara na Mata Atlântica e está classificada com criticamente em perigo à extinção na Bahia.
“Quando identificamos as imagens, ficamos extasiados com o registro. São fatos como este que renovam nossa motivação e orgulho na RPPN Estação Veracel. Além disso, um flagrante de cópula é sensacional, pois sugere que um novo filhote de uma espécie bastante vulnerável pode estar por vir. Além de raro, o fato é ainda mais importante por ter sido registrado em uma área de Mata Atlântica, onde a população de harpias é ainda menor que na Amazônia,” destaca Virginia Londes de Camargos, coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada da Veracel Celulose e responsável pela RPPN Estação Veracel. “Esse registro confirma o excelente nível de conservação ambiental da RPPN. A harpia é um predador de topo na cadeia alimentar, e sua presença indica que a floresta está saudável, pois para a sua manutenção tem que haver disponibilidade de presas para sua alimentação, bem como grandes árvores, para construção de seus ninhos”, completa.
“Quando este ninho foi encontrado em 2018 na RPPN Estação Veracel, já havia um filhote em desenvolvimento. Acompanhamos todos os cuidados que os pais tiveram com ele. No ano passado, já jovem, ele foi embora e não retornou mais ao ninho. Os pais aproveitaram para reformar a casa e começaram a namorar. Estamos de olho em tudo e na torcida pelo nascimento de mais um filhotinho nessa importante reserva! Monitorar este e outros ninhos na Mata Atlântica tem nos permitido conhecer o comportamento dessa espécie ameaçada e as exigências para sua sobrevivência nos remanescentes florestais protegidos nesse bioma que foi amplamente devastado”, destaca o pesquisador e professor Aureo Banhos, da Universidade Federal do Espírito Santo, coordenador do projeto.