
De um lado a Usina Hidrelétrica de Itapebi, leia-se Grupo Neoenergia, e do outro lado, moradores ribeirinhos do rio Jequitinhonha, que foram desalojados, altamente prejudicados, no seu dia a dia e, no seu ganha pão diário e, esta é uma luta que já demora 18 anos sendo que até o momento, nada foi feito, gerando desconfiança e descontentamento nos moradores de Salto da Divisa na usina de Itapebi, que tinham o rio como o único meio de sobrevivência.

Desde às 09 hs da manhã desta 5ª feira 10/03, que moradores de Salto da Divisa e representantes da Usina de Itapebi, estavam reunidos para que, fossem dadas explicações do que vai ser feito e da forma como vai ser feito. Embora a equipe da usina fosse composta de mais ou menos umas 15 pessoas, apenas André e Francisco se pronunciaram, o encontro foi aberto pelo representante dos donos de casas danificadas e dos Direitos Humanos e que depois passou a palavra para o representante André, quando este explicou as intenções da companhia e passou a palavra para Francisco que fez toda a apresentação do que vai ser feito e se os ribeirinhos aceitarem, as obras deverão começar na semana que vem.

Porém houve um impasse, pois tudo que foi feito, teve o respaldo do IBAMA, com relação a metragem da beira do rio, até onde as casas deveriam começar a serem construídas, ao que parece, ao que tudo indica, também não houve um consenso entre a usina e a prefeitura, pois casas estão sendo construídas até hoje a menos de 100 metros das margens do rio, a própria usina construiu a menos de 100 metros do rio uma casa de cultura, a lavanderia e a associação de todas as categorias existentes em Salta da Divisa, como Associação de lavadeiras, pescadores, pedreiros, quebradeiras de pedras, dentre outros e, com isto deu um tiro no próprio pé.

Francisco Carvalho ao falar aos demais presentes no encontro, disse que, a usina se comprometia a: -as casas que pudessem ser reformadas, seriam reformadas e as que não suportassem a reforma, a usina construiriam novas casas, porém mesmo em áreas mais distantes da lagoa, muitas casas foram danificadas pelo estrondo das bananas de dinamite que foram utilizadas na demolição de pedras, para represar a água e, isto criou segundo moradores, danos residenciais em residências ao longo de 6 km, e algumas destas casas, foram fotografadas pelo rota51.com, numa amostragem, de que, tem casas que não deveriam ter ninguém dentro, principalmente por terem idosos, ou em outras situações crianças, que correm perigo sem saberem o que está por vir, como foi uma casa, que uma parede já caiu e a outra está escorada por uma peça de madeira e, que foi visitada pelos representantes da usina.

As lavadeiras reclamam que quando foi feita a barragem, elas perderam o local para lavagens de roupas, os pedreiros reclamam que do rio tiravam a areia e pedras para a construção civil, hoje pedras e areia vem de Itagimirim e outras cidades. Com o alagamento do rio que tinha uma queda proporcional de mais ou menos uns 100 metros, hoje é uma lagoa e de lá, ninguém mais sobrevive, a não ser alguns pescadores, que mesmo assim, não tiram do rio os peixes suficientes para as suas sobrevivência, para tanto de 3 em 3 meses a usina repassa valores aos pescadores e na época da piracema de 4 em 4 meses.

Porém, os moradores reclamantes, ao falarem no encontro, disseram que não acreditam mais na empresa, pois outras visitas e outros levantamentos já foram feitos e, quando a situação aperta, eles troca a equipe e eles já não sabem mais em quem confiar. Porém o tiro no pá aqui referido, dá conta de a própria usina fez construções em local indevido e agora, corre o risco de ter que destruir tudo, incluindo as casas, e fazer a reconstrução em outro local. A reportagem registrou também que, os dejetos humanos colhidos na cidade, estão sendo jogados dentro da própria lagoa, onde a menos de 100 metros, é feita a coleta de água para o fornecimento para toda a cidade.
Neste domingo haverá nova reunião entre moradores e representantes do grupo Neoenergia, pois muitas coisas que foram pedidas neste encontro, só poderão ser autorizadas pela direção da empresa, tais como: “já que a empresa já tem uma equipe de engenheiros e construtores para mais um levantamento nas casas, as associações também querem que um grupo de engenheiros da confiança deles acompanhem a vistoria e que este grupo deverá ser pago pela usina”, local de construções novas, como os dejetos estão sendo jogados na lagoa, este é outro problema que deverá ser resolvido pela usina, prefeitura de Salto da Divisa e autoridades sanitárias e, nesta hora, deverá haver também o envolvimento do Governo do Estado, não da Bahia, mas sim, do Governo de Minas.

Em Minas tem um ditado de quem; “quem faz mal feito, faz duas vezes” e, se a usina não resolver o problema de foram consensual, e o caso, chegar a ir para os tribunais, quando mais o tempo passar, a saber que a justiça brasileira é lenta, os custos serão bem maiores, pois se tudo isto tivesse sido feito dentro das vias normais, a situação hoje estaria bem menor, mas hou8veram impasses, descontentamentos, pessoas espertas tentando dar o famoso jeitinho brasileiro e chegou a tal situação.
A omissão também foi do Governo de Minas à época, pelo fato de ter deixado a “coisa” acontecer sem que uma providencia correta fosse tomada, é aí que entra os espertos, políticos mal comprometidos com o corretamente certo e, quem sofre as consequências é o povo, que acredita, dá o seu voto de confiança e depois vai sendo levado para o abatedouro como gado sem dono. Mas agora ao usina, tem como corrigir o erro, devolver aos ribeirinhos a dignidade do trabalho honesto e deixar a vida seguir.

A melhor participação de todas foi a dona Nicinha, logo após uma integrante da comissão da usina, quando esta falou que haveria um curso de tapetes arraiolo e horta comunitária, foi quando D. Nicinha pediu a palavra, e disse: – eu tenho 70 anos de idade, e não estou aqui para aprender a fazer horta, o que eu quero é lavar roupa, é o que eu sei fazer, e vem essa dona, dizer que vai ensinar a fazer horta”.
André, logo depois de terminada a reunião, ao falar com a reportagem do rota51.com, disse que tudo que foi dito, será levado à direção da empresa, como é que vai ficar a situação dos 100 metros ou não, uma nova consulta ao IBAMA, e que no retorno, já vai ter uma reposta positiva e definitiva sobre o assunto.

O que estas empresas precisam saber é que; são engenheiros, técnicos comunicadores, mas estão falando para pessoas simples, que não entendem muitas explicações técnicas, e nesse momento a Dra. Juliana fez a sua intervenção como advogada dos moradores ribeirinhos e por pouco não foi impedida de usar a palavra como defensora do seus constituintes, o que é um direito constitucional como pessoa de direito.

Mas tudo ficou explicado, haverá nova reunião, e tanto os moradores como os advogados das partes, esperam que tudo se resolva dentro da legalidade, e a usina repare os erros do passado e toda a comunidade volte a produzir e a sobreviver com suas próprias condições de trabalho, pela usina, esteve presente a assessora de comunicação Mariana Aoad e, falaram André Martilussi gestor da usina, Francisco Carvalho gerente de meio ambiente, assessora de comunicação da usina além de toda a equipe presente, representando os ribeirinhos as Dras. Juliana Lacerda Ronconi, Viviane Bonfim, Dr. Elio Pereira Carvalho, além da Dra. Jamile e Dr. Bruno Ronconi ausentes, também esteve presente o prefeito de Itapebi Ronaldo Ataíde da Cunha Peixoto, e os presidentes das associações; das lavadeiras Domingas gomes da Silva, dos pedreiros Adenildo Dantas Araújo, das extrativistas Maria de Lourdes Ribeiro Souza.
FOTOS: PBarbosa rota51.com